a inseparabilidade é uma gosma e uma coisa bem parva! um grande bem haja a todas nós! *as bem parvas*

quarta-feira, novembro 29, 2006

"Às vezes o amor"

-Que hei-de eu fazer
Eu tão nova e desamparada
Quando o amor
Me entra de repente
P´la porta da frente
E fica a porta escancarada

-Vou-te dizer
A luz começou em frestas
Se fores a ver
Enquanto assim durares
Se fores amado e amares
Dirás sempre palavras destas

-P´ra te ter
P´ra que de mim não te zangues
Eu vou-te dar
A pele, o meu cetim
Coração carmesim
As carnes e com elas sangues

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo
E o dia tão diário
disso tudo

-E se um dia a razão
Fria e negra do destino
Deitar mão
À porta, à luz aberta
Que te deixe liberta
E do pássaro se ouça o trino

-Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo

-Mas se tudo tem fim
Porquê dar ao amor guarida
Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço
Da morte volta sempre em vida

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida


Mais uma letra do Sérgio Godinho à Sérgio Godinho. Há qualquer coisa de muito trovadoresco na estrutura das estrofes, no refrão, na espécie de diálogo entre a "tão nova e desamparada" e o interlocutor. Acho que este homem se devia estudar na escola. Acho, acho e acho, prontes!:-p

xxRita

3 Comments:

Blogger Flaw said...

Acho bonito, sim senhora... Deixa-nos a pensar.
oh, nem fales em estudos nas escolas, qq dia vai-se pra escola pra jogar playstation em vez de aprenderem!

11/30/2006 12:27 da tarde

 
Blogger inseparabilidade said...

sim senhora! acho q ainda n a ouvi... sabes q n sou uma grande fa de sérgio godinho, mas ocasionalmente, lá vem uma letra absolutamente brilhante e intimista. é o talento!

*néme*

12/01/2006 5:33 da tarde

 
Blogger inseparabilidade said...

Sublime!!! Dá que pensar, principalmente na parte "Mas se tudo tem um fim/porque dar ao amor guarida?! Seremos nós um eternos amantes do sofrimento??
Gui

12/02/2006 2:21 da tarde

 

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