Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto,
antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse:
as palavras estão gastas.
Eugénio de Andrade
absolutamente brutal...
bjinho*néme*
4 Comments:
Eugénio... e pronto... as palavras ficam gastas, a inspiracao é zero e gosto mt de voces
10/26/2005 7:26 da tarde
"Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada."
A dureza e verdade das palavras...So espero que haja alguem a abalar-m e a mudar o meu concordar nestes versos.
Gui
10/28/2005 12:29 da manhã
Aroooooô!!!!!! Esse poema...o Geninho era um visionário!!! Mas que sensibilidade...Aiiii mini-prato, a continuar assim, nunca mais saímos deste triângulo!! Mas que chakras mais desalinhados.. és 1 querida e dsclp lá as brincadeirinhas... é td com mto amor ;))) meia-dose
10/28/2005 5:53 da tarde
É desta que tenho mesmo uma apoplexia poética... Este poema é LINDOOO!! Dos mais sublimes poemas portugueses, quanto a mim. E assim, cá estamos, no triangulo das bermudas a partilhar também poemas.lol :)
beijokas grandes
10/31/2005 12:54 da manhã
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